"...só viram os que levantaram para trabalhar no alvorecer que foi surgindo..."

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

E por falar em Natal...

          E então... É Natal!
          E por falar em Natal...
          Sempre fui muito imaginativa, mas não tenho em minhas memórias cenas de neve, Papai Noel ou coisa assim...estes eram personagens que via nos filmes e desenhos animados.
          Meu pai e minha mãe ,católicos que eram , não alimentavam esta fantasia,ao contrário,enfatizavam muito o nascimento do Cristo e era exigência certa, a presença na missa do galo    .
          Tenho fotos do tempo de criança em frente ao presépio e sempre me encantei com as representações do nascimento do menino Jesus,as caracterizações com aguinha correndo,monjolos e tantos detalhes reproduzindo este momento tão importante para os cristãos.
          E era tão importante que nos preparávamos para ele; era o evento do ano.Minha mãe comprava tecidos nas lojas Bi Ba Bô e minha irmã mais velha costurava as roupas novas que vestiríamos no Natal;lembro dos vestidos longos , com barrados de bichinhos infantis...Eu achava o máximo!
           Natal era também dia de calçados novos e minha mãe nos levava até a Estrela D’Alva Calçados  ,na av.: Bernardo Sayão (nosso shopping), para comprarmos nossos sapatos,tudo devidamente dentro do poder de compra deles.Era uma felicidade só!!!!
          De brinquedos , presentes , só me lembro quando já era maiorzinha ;quando meu pai ao fazer compras para o Bazar (comércio /sustento da família), incentivado pelo vendedor Adelson, deixou que eu e minha irmã escolhêssemos um presente; eu escolhi uma boneca, minha irmã escolheu um pianinho,que segundo Adelson,teríamos que sentar na banqueta para tocá-lo e todos poderiam tocar porque  era grande.De fato  o piano fez sucesso,embora grande parte dos argumentos do Adelson fosse puro exagero;minha boneca não era tão grande como imaginara , nem tão cheia de atributos ditos pelo vendedor, mas chorava todas as vezes que eu a colocava de cabeça para baixo e tinha longas madeixas; o que fez minha alegria por muito tempo.
          Lembro –me que sempre chovia ,assim, como essa chuva de hoje,chuva de verão, passageira...e então , devidamente trajados , minha mãe pegava a sombrinha e saíamos para fazermos visitas, a pé , ou de ônibus,quando a visita era mais distante. Recordo de algumas visitas em casas de parentes dos cunhados Ari e Francisco.
          Antigamente ,bem... “nem tão antigamente assim...”, tínhamos o hábito de fazer visitas , conversar com as pessoas ;os presentes eram as PRESENÇAS...talvez , inconscientemente,uma alusão aos Reis Magos que visitaram Jesus.
          Dessa capacidade de comunicação,conexão e simplicidade da minha mãe, tenho muitas saudades e boas recordações...
          O amigo secreto não se limitava a família nuclear, abarcava uma família maior, os vizinhos  , e lembrar desses momentos nos remete a boas gargalhadas...
          Com o crescimento da família nuclear , a chegada dos netos dos meus pais, as ceias de Natal e o amigo secreto ficaram entre nós...uma farra divertida , olhando as expectativas,frustrações e satisfações  com a revelação.
          Bem , nenhuma dessas recordações me remete a loucura que é esta data hoje , ruas e lojas tumultuadas , consumo abusivo, uma insanidade...
como se os presentes pudessem preencher as faltas, os vazios de PRESENÇA;como se os produtos comprados pudessem suprir carências de acolhimento, aconchego, afeto,paz.
          Procuro me abster de fazer parte dessa loucura coletiva  , o que não é fácil , e com sentimentos da infância , sentir o silêncio , a paz e a grandeza que um nascimento provoca , a magnitude da vida que “dribla” as intempéries e teima em continuar...
          Tento encharcar-me nessa chuva de sentidos , nessa herança simbólica de meus pais para ter a esperança e esperar  novas alegrias !E confiar no futuro que virá.Pois...
          “Emanuel-Deus está conosco.!!!” É Nata!



Ivone T. Cunha

quarta-feira, 24 de outubro de 2012


Manto de Artur Bispo do Rosário


 Pra ver,ler e refletir...

"Não permita que sua(s) dor(es) o(a) transforme em ferro duro ,frio e oco;ou em uma criança tirânica;ao contrário,transforme -a você,em poesia,canto...arte.Pratique a alquimia e lembre-se:aonde reside a sua ferida,ali mora também a sua pérola."
                                                                                                                                                  Ivone

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Onde nascem as palavras?




Amanheci cheia de idéias/palavras borbulhando em meu interior,como que pedindo pra saírem.
Fiquei intrigada como essas idéias/palavras adquirem vidas próprias e como entes autônomos ficam querendo sair por aí...como se responsabilizassem-se  pelo que vão transpor mundo afora...
Teimosa que sou,resisti em sentar e dar corpo a elas,mas elas não desistem, não se dão por vencidas e ficam me atiçando, me azucrinando...
Putz!Onde nascem as palavras? De onde elas surgem?
(Hum mm...não me dão sossego!Por favor ,dêem –me um tempo!)
Penso que elas, as palavras, começam a ser geradas no olhar,as coisas todas vão inundando  o meu olhar ...
E  os sons? É,  acho que  os sons também vão me invadindo ...
E tudo o que me chega vai adentrando e alojando n’um cantinho qualquer do meu cérebro e junta –se a essas coisinhas captadas , as emoções que elas me provocam...
É ... é assim que elas vão “tomando corpo”.
 Depois de um tempo elas descem para o estômago...
Ah, você está achando esquisito,né? Mas é para o estômago mesmo que elas vão .
E  ficam ali me perturbando ...fermentando , remoendo , queimando , me impelindo a vomitá-las...
É assim...as palavras não cabem mais em mim.
Me rendo...
E assim , num momento de indignação,PLOFT! Nascem.Se corporificam.


Ivone T. Cunha

domingo, 22 de julho de 2012

Valente :um filme para crianças e adultos.

Valente trata de temas sérios sem perder a leveza e  a beleza.

Alguns dos conflitos e questionamentos são bem particulares do universo feminino, mas isso não impede que o público masculino também se identifique com a história; afinal, lutar pela liberdade e união familiar são, antes de mais nada, questões humanas.
Merida é uma princesa que foge dos estereótipos de princesas :Cabelos ruivos ,encaracolados,esfuziantes...e que busca a liberdade,a liberdade de escolher o seu próprio destino,de poder escolher o seu pretendente; ela enfrenta um conflito com a mãe que quer que ela siga a tradição e lhe providencia um casamento ...Merida não quer reproduzir a história da mãe ,das princesas...excelente arqueira,Merida quer mais,nada menor que a liberdade de escolha...
Esse conflito causa um distanciamento ,uma cisão entre as duas ,que durante o enredo passam por situações que fazem as duas amadurecerem, mudar...que fazem com que elas "unam o que foi separado pelo orgulho".
Muito lindinho o filme, e dá espaço para muitas reflexões...Vale a pena conferir!!!
Vejam o trailer no link abaixo: 

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Sintomas de saudade...saudade sem medida...

É nessa época que mais sinto falta dos meus pais, férias...
Passávamos quase todo o tempo juntos...minha mãe deitava no sofá para descansar e eu sentava para ver televisão ou para nada,só pra ficar ali...
As vezes ficávamos em silêncio ,só fazendo companhia uns pros outros.
Nesta época seca e de dias mais frios ,  minha mãe tocava os meus pés e quando os percebia gelados,colocava-os entre os pés dela para me aquecer ou jogava umas almofadas para cobrí-los e fazia logo um comentário..."você precisa contar pro médico, pedir remédio pra pressão baixa,é impossivel pés e mãos tão frios"...
Saudaaddees!!!
Meu pai sentava na cadeira de balanço e  ficava ali ,ora contemplando a natureza,ora cochilando...lâmpadas apagadas,a tarde caindo , o tempo escurecendo, um silêncio...uma paz...
Outras vezes sentava à mesa da varanda e se punha a ler o jornal ou a bíblia, depois pegava o regador e molhava as plantas com aquela paciência e ritmo só dele...
Algumas vezes eu montava o cavalete na varanda e ficava ali pintando,com eles por perto...vez em quando um ou outro dava um palpite ou inquiria algo sobre a pintura...
De tardezinha era sagrado o terço na TV que minha mãe acompanhava fervorosamente...
Um pouco mais tarde,nesse mesmo canal , meu pai assistia um programa de artesanato,pintura e que sempre me chamava para ver algo que achava interessante ou que associava ao que eu gostava .
Noutras tardes minha mãe dizia querer comer algo diferente, então íamos pra cozinha torrar pão com alho ou estourar pipocas...
Eu também passava  boa parte do tempo no quarto ,mexendo no computador, fazendo trabalhos...mas sempre ali, alerta,acompanhado,velando,cuidando.
Não éramos poços de demonstração de afeto,e como em todo relacionamento tínhamos nossas diferenças,discordâncias,ranzinzices,mas éramos companheiros,presenças vivas uns para os outros.
Hoje,esse prédio parece mais frio do que nunca e sinto meus pés gelados...a cena da minha mãe os envolvendo me vem a mente e repito o gesto dela tentando aquecer meus próprios pés,então sou invadida por uma saudade tremenda! Ligo a televisão e coloco no canal que eles assistiam,mas não consigo ver sem ser tomada por mil lembranças e uma saudade infinda...
E lá se vão quase quatro anos de separação...

domingo, 10 de junho de 2012

Videoinstalação de Siron Franco: Brasil Cerrado

A videoinstalação ficará em cartaz de 12 a 24 deste mês.Se possível irei vê-la.
Siron disse que quer mostrar as belezas do Cerrado brasileiro que ainda são muito desconhecidas ao mesmo tempo em que correm o risco de desaparecer.Leia  mais em...
http://vogue.globo.com/lifestyle/siron-franco-pede-atencao-ao-cerrado-com-videoinstalacao-na-rio-20/

domingo, 3 de junho de 2012

Para a sensação de não pertencer...as palavras de Clarice...

Pertencer

Um amigo meu, médico, assegurou-me que desde o berço a criança sente o ambiente, a criança quer: nela o ser humano, no berço mesmo, já começou.
Tenho certeza de que no berço a minha primeira vontade foi a de pertencer. Por motivos que aqui não importam, eu de algum modo devia estar sentindo que não pertencia a nada e a ninguém. Nasci de graça.
Se no berço experimentei esta fome humana, ela continua a me acompanhar pela vida afora, como se fosse um destino. A ponto de meu coração se contrair de inveja e desejo quando vejo uma freira: ela pertence a Deus.
Exatamente porque é tão forte em mim a fome de me dar a algo ou a alguém, é que me tornei bastante arisca: tenho medo de revelar de quanto preciso e de como sou pobre. Sou, sim. Muito pobre. Só tenho um corpo e uma alma. E preciso de mais do que isso.
Com o tempo, sobretudo os últimos anos, perdi o jeito de ser gente. Não sei mais como se é. E uma espécie toda nova de "solidão de não pertencer" começou a me invadir como heras num muro.
Se meu desejo mais antigo é o de pertencer, por que então nunca fiz parte de clubes ou de associações? Porque não é isso que eu chamo de pertencer. O que eu queria, e não posso, é por exemplo que tudo o que me viesse de bom de dentro de mim eu pudesse dar àquilo que eu pertenço. Mesmo minhas alegrias, como são solitárias às vezes. E uma alegria solitária pode se tornar patética. É como ficar com um presente todo embrulhado em papel enfeitado de presente nas mãos - e não ter a quem dizer: tome, é seu, abra-o! Não querendo me ver em situações patéticas e, por uma espécie de contenção, evitando o tom de tragédia, raramente embrulho com papel de presente os meus sentimentos.
Pertencer não vem apenas de ser fraca e precisar unir-se a algo ou a alguém mais forte. Muitas vezes a vontade intensa de pertencer vem em mim de minha própria força - eu quero pertencer para que minha força não seja inútil e fortifique uma pessoa ou uma coisa.
Quase consigo me visualizar no berço, quase consigo reproduzir em mim a vaga e no entanto premente sensação de precisar pertencer. Por motivos que nem minha mãe nem meu pai podiam controlar, eu nasci e fiquei apenas: nascida.
No entanto fui preparada para ser dada à luz de um modo tão bonito. Minha mãe já estava doente, e, por uma superstição bastante espalhada, acreditava-se que ter um filho curava uma mulher de uma doença. Então fui deliberadamente criada: com amor e esperança. Só que não curei minha mãe. E sinto até hoje essa carga de culpa: fizeram-me para uma missão determinada e eu falhei. Como se contassem comigo nas trincheiras de uma guerra e eu tivesse desertado. Sei que meus pais me perdoaram por eu ter nascido em vão e tê-los traído na grande esperança.
Mas eu, eu não me perdôo. Quereria que simplesmente se tivesse feito um milagre: eu nascer e curar minha mãe. Então, sim: eu teria pertencido a meu pai e a minha mãe. Eu nem podia confiar a alguém essa espécie de solidão de não pertencer porque, como desertor, eu tinha o segredo da fuga que por vergonha não podia ser conhecido.
A vida me fez de vez em quando pertencer, como se fosse para me dar a medida do que eu perco não pertencendo. E então eu soube: pertencer é viver. Experimentei-o com a sede de quem está no deserto e bebe sôfrego os últimos goles de água de um cantil. E depois a sede volta e é no deserto mesmo que caminho!
Clarice Lispector

sexta-feira, 25 de maio de 2012

                                                                Na sociedade atual...
                                                     "A serenidade é um artigo de luxo"
                                                                                (A. Cury)

sexta-feira, 23 de março de 2012

Canção das mulheres





Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.

Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta.

Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.

Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso.

Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes.

Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.

Que o outro sinta quanto me dóia idéia da perda, e ouse ficar comigo um pouco - em lugar de voltar logo à sua vida.

Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo ''Olha que estou tendo muita paciência com você!''

Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize.

Que se eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.

Que o outro não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.

Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa - uma mulher.

Lya Luft

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

"L'APOLLONIDE"-o filme


Compartilhando esta crítica e a percepção deste filme impactante...

"L'APOLLONIDE" FAZ DE UM BORDEL FRANCÊS O ESPELHO DE UMA SOCIEDADE E DE UMA ÉPOCA.

Celso Sabadin

Quem ainda insiste em classificar as prostitutas como mulheres de “vida fácil” não pode deixar de ver “L´Apollonide – Os Amores da Casa de Tolerância”, belíssimo drama francês que disputou a Palma de Ouro deste ano.

Escrito e dirigido por Betrand Bonello (o mesmo de “O Pornógrafo”), o filme retrata a opulência e a decadência de um bordel parisiense, no início do século 20. Uma era de transformações, onde a I Guerra força a revisão de conceitos e preconceitos de uma sociedade europeia que vê seus valores – ou a falta deles - em cheque.

A câmera de Bonello quase nunca sai do bordel. Tecidos pesados, poucas luzes e uma direção de arte rebuscada reforçam a claustrofobia das prostitutas, trabalhadoras que em busca de uma suposta liberdade acabam se escravizando por um sistema criado para que elas jamais quitem suas dívidas com a proprietária do lugar. Dívidas financeiras e morais. Presas nesta gaiola de veludo, as mulheres não têm vida, nem identidade, nem perspectivas. O mundo masculino domina. São retalhadas e transfiguradas, o que nem sempre é uma simples figura de linguagem.

Do lado dos clientes, a fascinação belo bizarro, a satisfação das necessidades pessoais se sobrepondo à dignidade humana, e o amoral poder de compra quase absoluto formam o quebra-cabeças necessário para que se feche a equação soberana de “oferta e procura” de insanidades.

Não há protagonistas, nem coadjuvantes. Atrizes consagradas e amadoras se fundem neste painel de intrigantes comportamentos. A câmera passeia por elas com desenvoltura, flutua pelas paredes invisíveis da casa de tolerância, capta horrores verdadeiros e esperanças falsas. Músicas modernas no ambiente antigo ajudam na criação de um clima de instigante estranheza.

No elenco, as marcantes presenças de Hafsia Herzi ("O Segredo Do Grão"), Celine Sallette ("Além da Vida"), Adele Henel ("Lírios D'Água") e Jasmine Trinca ("O Quarto Do Filho"), entre outras.

“L ´Apollonide” é uma experiência cinematográfica diferenciada . Quem se abrir para ela sairá recompensando.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Aumente sua autoestima e alcance todos os seus sonhos

http://claudia.abril.com.br/materia/aumente-sua-autoestima-e-alcance-todos-os-seus-sonhos-4388/?p=/comportamento/crescimento-pessoal