"...só viram os que levantaram para trabalhar no alvorecer que foi surgindo..."

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Quase um conto de fadas...


Era uma vez uma menininha que ouvia muitos contos de fada e gostava também de criar histórias.Vivia em um mundo imaginário,paralelo.Ela cresceu acreditando em fadas, varinhas mágicas e em príncipes encantados.Cresceu acreditando que na luta entre o Bem e o Mal, o Bem sempre vencia ...e isso fez bem pra menininha pois,assim, com essa crença , conseguiu conquistar muitas coisas,  vencer muitos obstáculos, superar muitos medos, acreditar em sonhos...
Mas , no Reino Real , o Bem e o Mal não eram tão explícitos como nos contos  e talvez nem eram de todo Bem e nem eram de todo Mal, eram apenas aspectos de um aprendizado; e os príncipes desse reino as vezes escondiam sapos,lagartos,escorpiões em seus interiores,ao passo que muitos dragões amedrontadores , escondiam lindos príncipes em si...
Talvez o Reino Real devesse chamar “Reino Nem tudo que parece é” ou talvez “ Reino das Ilusões” pois, tudo e todos precisam ser vistos de  diferentes ângulos  e os conceitos questionados e ponderados. Se tudo fosse óbvio no reino, tudo seria mais fácil,mas talvez não tivesse graça. Essa neblina do “Nem tudo que parece é” fazia muitas pessoas se enganarem ,sofrer,mas também fazia crescer...
Quem sabe um nome legal para esse reino fosse ...Reino das Contradições?!!!
Bem , deixemos de lado esta questão de nomenclatura e retomemos a nossa personagem...
Acontece que nossa “heroína” , a menininha, vivendo nesse reino,muitas vezes mantinha a cabeça lá nos contos de fada e mesmo realizando muitas coisas legais , disseminando a crença de que todos tem dentro de si  “ uma Sininho”, “um Peter Pan”,” uma Emília”,” um Poder de Transformação “,acabou-se por também dar suas cabeçadas,confundiu-se no Reino Real;acreditou em quem não merecia ser creditado,viu príncipes onde havia lobos e ... de repente se viu sem Reino, ficou muito abaladinha e desestimuladinha.   Oh coitadinha da nossa heroínazinha!!!!Rs...
Mas heróis e heroínas vencem, nunca são vencidos ; fazem paradas,reclusam –se para refazerem as forças , as energias , mas não se entregam NUNCA! A fé no poder de transformação grita, ecoa por seus poros...
E  assim , mesmo ferida , a menininha /heroína ,levanta e continua achando que outro “Reino é Possível”; neste levantar e caminhar em busca  de “um outro reino possível”, ela encontra um dragão.E este dragão faz questão de mostrar todo o seu poder de fogo,suas garras... o que de início assustou-a, mas o dragão estava ferido, e também  em busca de “um outro reino possível”; tinha um jeito diferente de ser da menina.
A menina estranhou, mas quis conhecer o jeito de ser do dragão ; descobriram em meio a tanta estranheza muitas coisas comuns e resolveram caminhar juntos.
Aposto que todos estão pensando que , como nos contos de fada ,”eles viveram felizes para sempre”,né?
Mas ...não é bem assim, isto não é um conto de fadas e nem a história terminou...
E se há algo tão semelhante no Reino Real e nos Contos de fada,são os espinhos, os pedregulhos, as tarefas que os heróis  e heroínas têm que cumprir pra vencer...
E agora? O que vocês acham? Conseguirão nossos heróis superar esses obstáculos? Será que conseguirão ajuda dos Super Amigos e chegarão ao Reino De Um Outro Mundo Possível?

Não percam os próximos episódios!!!! 

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

“As mulheres são a salvação do planeta?”



Participando do Rio + 20...
Minhas sensações e Minha resposta à questão... “As mulheres são a salvação do planeta?”

Gosto muito de uma música do Arnaldo Antunes que diz “o seu olhar melhora o meu” e vir para a Cúpula dos Povos para o Programa Planeta Lilás , conviver com olhares tão diversos sobre a questão ambiental , sobre o posicionamento das mulheres na defesa dos bens comuns , é voltar para Goiânia com o meu olhar mais aguçado e melhor .
Foi uma experiência  muito rica !
Ontem andando pela Cúpula, vendo e até participando de algumas manifestações ,expressões pela dança,performances, declamações de poemas e tantas outras , fui tomada por um sentimento de pertença,pertença a raça humana, sem fronteiras , pertença ao planeta, a um povo que luta e sonha com um futuro melhor .E meu sentimento agora é de gratidão, ao universo ,à humanidade ,às companheiras do Planeta Lilás.
Agora me volto para a questão “As mulheres são a salvação do planeta?”
De imediato penso que nós mulheres não podemos assumir sozinhas o ônus,o peso de mais esta responsabilidade,esta tarefa é de todas e todos ...mas quando lembro da irmã Raimunda  de Goiânia/Goiás ,com sua horta comunitária,seus remédios naturais , dos trabalhos sociais que coordena na comunidade,quando penso na Gerarte,uma cooperativa de arte e artesanato,gerenciada por mulheres, Bordana, e tantos outros grupos , coletivos de mulheres trabalhando com a Economia Solidária, penso na generosidade da mulher,nesta capacidade que temos de cuidar ,proteger,guardar;dedicação ao bem estar de si e dos outros , chego a conclusão que temos sim , um grande poder de transformar a realidade que aí está. Sigamos adiante!
Junho de 2012

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Uma nova relação entre homens e mulheres



Em 2003 comecei a trabalhar em um programa de rádio que propõe uma nova relação entre homens e mulheres ,desde então atuo divulgando direitos, cobrando atitudes,abordando assuntos que proporcione o bem viver de mulheres e  homens;mas nunca achei que deveria  me intitular feminista  por falta de uma atuação mais direta,incisiva.

Correto seria dizer que sou fruto e vivo as conquistas das feministas.
E sou grata a elas!
Como toda  criança ,quando pequena, vivia em um mundo de fantasias,mas mesmo  cheia de imaginação, não deixei de ser influenciada pelos acontecimentos da época. Adorava brincar de bonecas; de bonecas, não de cozinhadinha ,rs...
Nunca  fui chegada à cozinha ...
Nas minhas brincadeiras de casinha, minhas bonecas se casavam e desquitavam quando não estavam satisfeitas...
Desquite era a novidade da época ,o escândalo da vez.
Não tinha Barbie e nem Ken, Suzie era a boneca da hora ,mas eu não tinha a Suzie ,tinha outras mais simples . Quem fazia o papel de marido era um velho coelhinho de plástico..aha hahaha...
Tive um pai provedor e que reproduziu muito  a cultura machista ,(não conhecia outro modelo) e uma mãe que mesmo dentro dessa cultura ,trabalhou ao lado dele e se legitimou como mãe, mulher de ação, autoridade respeitada;um não invalidava a palavra do outro.
Ambos enfatizavam para nós ,filhas mulheres, a necessidade de estudar,ter profissão e não depender de marido, nem de ninguém.
 Eu não gostava de ver mulheres  passando por situações constrangedoras com seus cônjuges e mesmo sem expressar verbalmente ,pensava que não queria aquele tipo de relacionamento pra mim.
A entrada de uma nova mulher que se casa com um moço da família,traz para a nossa realidade uma outra forma de viver e de ser mulher .
Era uma mulher que trabalhava fora, dirigia carro, independente,não morava com os pais, que namorava,sabia o que queria, se mantinha...
Isso em Goiás, em 1974,  era raro, rs...
Hum...desejos foram acesos,sonhos despertados... E...
Os amigos das minhas irmãs cantavam pra elas...  “Toda donzela tem um pai que é uma fera”...
As mudanças vieram.
Apesar de  garota,adolescente  romântica ,sonhadora,”menininha do papai” ...verdade  é que eu sempre trouxe ,talvez bem escondido, um grande par de asas e um desejo imenso de levantar vôos...não era de peitar mudanças ,mas pegava carona nas conquistas.
O tempo passou ,as conquistas foram avançando, o contexto mudando...
E olha onde fui parar , em um programa de gênero...

Minha mãe,  não há muito tempo,quando  uma senhora se referiu a mim vislumbrando um casamento com o filho dela (meu namorado na época), falou “com boca cheia”: “Minha filha só casa se  quiser,é estudada,trabalha,não depende de senhor ninguém, dirige,viaja pra onde quer ,conhece quase todo o país.”
 Pra minha mãe, ter filhas assim era um orgulho;pra uma mulher que viveu o que ela viveu,uma conquista indescritível!
Atualmente ,penso que as relações homem /mulher estão cada vez mais complexas...
“Novas”mulheres implicam em  “novos” homens! Novos “modelos” de relacionamento.
E dizem por aí que muitos homens estão perdidos,sem saber seu papel nesta nova configuração...outros assustados...outros curtindo ...e muitos ,muitos,ainda reproduzindo a cultura machista...cometendo atrocidades com a crença de donos,proprietários de mulheres...
E assim temos tanto o que caminhar...
E as mulheres?
Hoje somos,em nossa grande maioria, mulheres provedoras, desejosas de direitos e sabedoras das nossas responsabilidades.
Poucas,mas significativas, ocupando cargos de poder e decisão.
Somos maioria nas universidades.
Muitas sobrecarregadas com a ausência ou omissão dos companheiros.
Há jovens feministas engajadas.
Há algumas que conseguiram afinar o discurso com seus companheiros e estão construindo um novo modo de viver.
Mas há aquelas que ainda  vivem submissas e oprimidas.
Há ainda uma parcela de jovens garotas  que talvez não tenham se conscientizado da batalha de tantas mulheres no decorrer da história e que parecem sofrer de uma nostalgia tardia , agem cobrando de seus parceiros o papel de provedor,salvador,herói e os vêem como algoz quando estes não correspondem as suas expectativas.Muitas agem como dondocas, bonecas de luxo;isentando –se da co-responsabilidade na relação homem /mulher, se vitimizando e jogando pra cima dos companheiros toda a responsabilidade de fazerem –nas felizes.
Tenho ouvido homens contando as tiranias que vivem em suas relações, a pressão para corresponderem ao papel de provedor, a culpa por não conseguirem corresponder... Será o machismo as avessas?Rs...
É,meu amigo,minha amiga, a via é de mão dupla!
São movimentos interessantes...e várias realidades coexistindo...
E penso que a proposta do nosso programa ,mesmo diante de tantas mudanças de comportamento, continua atual ... se faz necessário uma nova relação entre homens e mulheres ,onde não haja concorrência; que não seja patriarcado ,nem matriarcado;mas uma relação pautada na co- responsabilidade,na cooperação, no companheirismo ; uma relação de pessoas completas que se vejam e se sintam iguais...

Enquanto trilhamos “o caminho das pedras”,almejando o caminho das flores , que não percamos de vista o maior bem que conquistamos e podemos ter...
LIBERDADE... de ir e vir , de ser...MULHER...