Este semestre
Este semestre dediquei-me a ler um pouco . Com a era das redes sociais observei que minhas leituras diminuíram. Para além das leituras superficiais, esquizofrênicas das mídias sociais, a boa e velha leitura nos transporta a outros mundos, alarga horizontes, nos oferece outros pontos de vistas; ou as vezes reforça alguma experiência nossa e percebemos que não estamos só ou não somos os únicos a sentir, ver de um determinado jeito.
Pois bem, comecei por um livro que havia recebido há uns três anos atrás "Você pode curar sua vida", de Louise L. Hay. Além de relatar trechos de sua vivência, a autora oferece uma série de exercícios para desconstruir padrões de crenças limitantes. É um livro de auto ajuda. Recebi-o no momento em que havia descoberto uma metástase do C. A. de mama. Naquele momento não consegui ler, mas agora o achei útil. Exercícios para a vida toda. Cultivar a autoestima, se sentir merecedora de cura, de bons acontecimentos. Tornar-se “ativa” na sua construção/cura.
É comum durante tratamentos , seja físico ou outros, a pessoa ficar n’ uma posição de passividade, a mercê do destino/ da medicina/ do outro. É importante, ainda que com restrições, que a pessoa possa dialogar, atuar no seu processo de cura.
Depois li a biografia da Rita Lee . Desde que visitei a exposição em São Paulo, me dei conta do quanto suas músicas estavam presentes na minha vida, do quão revolucionária ela foi, de um feminismo exercido sem falácia, mas com atitude.
Com o livro senti Rita como uma irmã mais velha,"gente como a gente.” Com acertos , erros, dores, amores… humana.
Em seguida li “Enquanto eu respirar " de Ana Michelle Soares.
A primeira vez que vi falar desta jornalista foi em janeiro deste ano , quando a ONG Vencer o câncer publicou a notícia de sua passagem. Fiquei curiosa e fui pesquisar quem era. Encontrei três livros que havia escrito no período de tratamento paliativo do C. A. de mama. Descobri que sua causa foi desbravar o caminho de um tratamento paliativo mais humano e digno. Adquiri logo os três livros “Enquanto eu respirar" , “Vida Inteira” e “Entre a esperança e a lucidez”.
Não é uma leitura direcionada só para pacientes oncológicos, mas também para familiares, profissionais da saúde e pessoas em geral, uma vez que a finitude é inerente a qualquer ser vivo.
Em muitos momentos me identifiquei com a Ana Mi ( como gostava de ser chamada) , reforcei e ampliei pontos de vista, aprendi outras coisas. Cultivei esperanças!
Por último, li a Outra biografia de Rita Lee, que ela escreveu no período de descoberta e tratamento da sua doença.
Como lhe é característico, Rita expõe, escancara sua humanidade. O impacto da doença no corpo, na alma, emocional, na família, sem perder “ la ternura”,e o bom humor.
Novamente me identifiquei com alguns procedimentos vividos pela cantora.
Em todas essas leituras percebi a espiritualidade permeando os acontecimentos, alargando sentidos.
Costumo dizer que aquilo que me faz bem, que entendo que me acrescenta, sinto no “dever” de compartilhar pois, pode fazer bem pra mais alguém.
Entremeando todas essas leituras, continuo com “Cartas de Van Gogh a Theo” e refletindo sobre a sociedade elitista , superficial,que deixava o artista à margem , não mudou muito de lá pra cá e o mercado de Artes , o reconhecimento,idem!
Seguimos!
Antes das próximas leituras, pego emprestado os versos de Gonzaguinha…
“Viver e não ter a vergonha de ser feliz
Cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz
Eu sei que a vida devia ser bem melhor e será
Mas não impede que eu repita
É bonita, é bonita e é bonita!”