"...só viram os que levantaram para trabalhar no alvorecer que foi surgindo..."

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

O semeador da paz




Nunca vi ninguém viver tão feliz
Como “ele” no sertão
Perto de uma mata e de um ribeirão...”



O semeador da paz

As lembranças que trago do meu pai é sempre de Homem sensato, pacífico, sossegado, limpo, sereno , coerente , honesto, decoroso, honrado ,digno , ponderado, humilde . Humilde no sentido primeiro da palavra , que vem de húmus /terra, homo/ integridade, de se saber parte de uma humanidade com origem e destino comuns , irmãos , porque filhos de um mesmo Pai.
E por ser humilde ,era humanitário, bem feitor, acolhedor.
Homem de fé inabalável, firme e de palavras sábias.
Aquele que sabia mediar conflitos considerando o bem do todo;
que sabia ouvir e se posicionar .
Trago na memória a imagem do homem do campo, aquele que conhece bem os ciclos da natureza; contemplador, conhecedor da natureza humana,
apreciador da Obra Divina e por isso respeitador.
Meu pai deixou o campo para se dedicar a família , para oferecê-la melhores
condições de vida, estudo , e trouxe consigo o sertão com suas tradições,
Seus valores, sua integridade.
Foi para nós fortaleza e proteção. Exemplo de filho,
Marido, pai, avô, Ser humano.
Lutou, sofreu , amou e se doou, cuidou muito da vida.
Ele foi um SEMEADOR DA PAZ.
Que seu exemplo nos anime a SER-tão como ele.
Guimarães Rosa disse que:
“Deus nos dá pessoas e coisas, para aprendermos a alegria...
Depois, retoma “coisas e pessoas para ver se já somos capazes da alegria sozinhos...”
Este é o nosso grande desafio de agora em diante!
Mas sei que o “Sertão é dentro da gente.” (Guimarães Rosa) e que “O Sertão está em toda a parte” (.Guimarães Rosa).
Meu pai está aqui , dentro da gente, em toda parte, nos seus ensinamentos , nos valores que herdamos...
Agradeço, a grandiosidade de tê-lo tido como pai! Agradeço por ter testemunhado a sua bela existência!

Ivone

sábado, 24 de outubro de 2009

Nota de falecimento


Marcolino Teixeira da Silva,meu pai, faleceu em 24/10/2009.O velório será em sua casa e o enterro será no Cemitério Jardim das Palmeiras a 13:00 hs do dia 25/10/2009.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

No dia dos professores, refletindo através de um texto antigo , porém , atual


É quase século XXI e eu aqui, em meio a tantos avanços , tanta tecnologia , tanta inovação pedagógica , me vejo com uma proposta um tanto antiga, educar...
Chego em uma escola e encontro um grupo de crianças , jovens sedentos , famintos de tanta coisa ; não falta só comida , falta amor , falta limite , orientação , falta cultura .
A violência muitas vezes impera , nos palavrões , nos gestos , nas ações...
Lindo é o sonho universitário de uma escola ideal ,dura é a realidade encontrada para realizar esse sonho , que não é impossível , mas que com certeza exigirá por parte do sonhador “arregaçar as mangas” e doar todo o sangue , o tempo , a vida, SEM GARANTIA DE QUE ALGO VAI BROTAR , MAS COM A CERTEZA DE TER CULTIVADO A VIDA..
Quão difícil é abrir os olhos de quem não quer ver ! Quão duro é despertar aquele que já perdeu as esperanças , ou mesmo nunca as teve! Quão árduo é armar aquele que já nasceu derrotado !
Em fins do século XX , me sinto a própria Joana D’Arc , guerreira medieval , não com armaduras , armada apenas de conhecimento ,de sonhos , coragem , amor , lutando contra o monstro da baixa-estima , do imediatismo , da descartabilidade , da falta de perspectiva , enfim , da falta de EDUCAÇÃO.
As inofensivas criancinhas muitas vezes se transformam em vampirinhos que sugam não a guerreira , mas a humana “professorinha”.E aqui, RS...lembro Miguel Falabella, “SALVE A PROFESSORINHA”!
Foi se o tempo do professor ditador ,professor - pai , autoridade máxima , o professor personalidade respeitada , modelo , referência de vida...sobrou o professor companheiro , amigo , mas “não sei porque” , sobrou para ele a depreciação , a desvalorização .
E é então que neste contexto me vejo lutando , não contra crianças e jovens “vampirinhos” , mas contra o que fizeram e fazem com elas , contra um sistema que empobrece , que aniquila e que aumenta assustadoramente a cada dia as diferenças..
É com a paciência , persistência e esperança de um camponês que vou semeando , cultivando as mais antigas e básicas lavouras , a dos valores humanos , pois sem eles, sem a tal proclamada ética , a vida corre o risco de nada ser.
Educar
Antes formar , modelar , treinar , repreender , reter
Ao aluno ouvir e obedecer
Hoje despertar , estimular , mediatizar
Fiel da balança
Fio de prumo
É traduzir o mundo para a criança
E dela o potencial despertar
Fazê-la rir , brincar , sonhar , criar
Participar , caminhar , crescer
Tornando – a um adulto capaz de pensar
Para o seu destino ele próprio traçar
Definindo um rumo
No caos que é o mundo
Educar é o indivíduo munir
E do presente fazer o futuro surgir.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009


Li e indico .Um livro que encanta...
Para "tomar um gostinho" do livro , vejam abaixo esta resenha feita por Maria Helena Sleutjes.
O ROMANCE DE MARIA MADALENA - Jean-Yves Leloup
Mesclando filosofia, história, teologia, ficção e muita poesia, Jean-Yves Leloup discorre neste livro, de forma extraordinária sobre o arquétipo feminino. Utilizando a figura enigmática e provocante de Maria Madalena (a “pecadora” que acompanhava Jesus, segundo a tradição cristã) e com base nas recentes descobertas dos evangelhos desenterrados em Nag Hammadi, o autor mergulha com rara beleza e sensibilidade, nos meandros mais delicados, mais fortes, mais inexplicáveis, mais dolorosos, mais doces e mais sagrados da alma da mulher de ontem, da mulher de hoje, da mulher de sempre.A história se inicia através da contemplação na atualidade de um quadro onde se encontram as figuras de Maria Madalena e Jesus num Museu de Arte Bizantina, exatamente com a exclamação: “Este homem e esta mulher se amaram.” Este quadro, transformado em ícone para que a figura de uma jovem de 20 anos se mescle à figura de Maria Madalena, dá substância as idéias de Leloup, e vai permitir ao leitor viajar por uma outra história, igualmente salvadora, do poder acreditar que o Amor entre um homem e uma mulher, seja realmente possível.Nos primeiros capítulos, Leloup descreve a formação de Maria Madalena, seu conhecimento mais abrangente da vida, seu amor pelos estudos, sua aproximação da cultura egípcia e grega e sobretudo, seus questionamentos sobre os costumes e padrões vigentes, evidentes nestas falas: “– Não há outra realidade, além da realidade, mas será que a conhecemos melhor através dos sonhos ou da razão?... Será que ela se revela através do prazer ou da obrigação?...Consolo e prazer poderiam vir de outra pessoa ou de mim mesma?” Desnudando os sentimentos femininos de solidão através da voz de Sara, criada de Maria Madalena mas também sua instrutora, acrescenta: “Se lhe faltar a imaginação, você jamais verá corpos que cintilam, a luz azul que banha seu leito, o grande sorriso que transborda de seus olhos. Você jamais verá almas que se encontram... O amor assim como a grande realidade, não existe, cabe a você cria-lo. A vida não tem sentido, cabe a você dar-lhe um. Estamos na terra para isto, amamo-nos para que a vida não seja absurda e para que a morte não tenha a última palavra.”Ainda no início do livro, Leloup nos brinda com a prece de Maria Madalena, uma prece que é pura poesia e que ela teria supostamente escrito para se defender dos deuses acusadores que fazem os homens nascerem velhos e culpados de todos os horrores do mundo:
“Meu Deus, tu és o Deus da primavera,O que faz florescer, o que faz crescer.
Será que é mesmo necessário que sejamos “pequeninos”Para que tu sejas todo-poderoso?“Pobres pecadores”, para que tu sejas misericórdia?
Não é suficiente que estejamos nus, para que tu brilhes,
Que estejamos vazios, para que tu sejas tudo?
Tu não és um Deus que desconfia das mulheres,
Que canoniza os santos e queima as feiticeiras.
Tu és belo e amas a beleza
Eu orei a ti, com freqüência, Meu DeusPara que me livrasses dos deuses que acusamQue desprezam e fanatizam...
E tu me enviaste a primavera: a amendoeira Floresceu.
Respirei o grande dia e a grande noite,Reconheci teu sopro no jardim,
Tua brisa à beira do lago.Tu me ensinaste que rezar mais
É respirar melhor.Ainda não sei se és o Deus dos amantes,
Se fores aquele que ama em todos os que amam........
.....Amo-te sem te ver, sem te tocar
E, no entanto, sei que me deste
Olhos para ver e braços para abraçar.
Um dia talvez, em cores oceânicas,
Um homem virá
Para te dar um semblante
E abençoar a terra na oferenda de meu corpo;
Então, eu te amarei, meu Deus
Como as mulheres amam,
Como as crianças,
Como a tempestade
E nos tornaremos Um.”
Aprofundando constantemente os questionamentos em Maria Madalena, Leloup leva-a a perguntar se existe homem inteligente e belo pois os homens que ela encontrava seriam uma coisa ou outra...apaixonados imbecis ou inteligentes gelados e acrescentando diz: “estremeço mais de vergonha que de prazer” e ainda, ela se perguntaria: “- Quem colocou em mim este desejo lacerante de núpcias impossíveis?”.Contemplando a questão do pecado ou a possessão da alma de Maria Madalena por sete demônios, Leloup afirma que existem sim, sete impedimentos à consciência e ao Amor, sete maneiras de gelar o sangue, de conter seus gestos, seu olhar, suas palavras, para não mais dar e, continuamente, desesperadamente, obstinar-se em apoderar, em reter o que se deve deixar escapar e abandonar.Com a segurança que lhe é peculiar, Leloup demonstra que é necessário fazermos o inventário de nossos demônios, conhecer melhor o que nos aliena e nos possui, para melhor apreciar e agradecer o que nos liberta. Assim, Maria Madalena, burilando ainda mais o entendimento de si mesma, diz: “Nossa vida vale unicamente pelo olhar através do qual nos vemos... Liberdade... mas, para fazer exatamente o quê?” Maria Madalena nas palavras de Leloup, desejava se manter livre para o estudo, para o conhecimento e o esposo que ela buscava era o Logos – a informação criadora e assim o autor conseguindo olhar através das frestas de luz da alma feminina declara saber que secretamente esta mulher deseja uma inteligência que tenha um semblante, um corpo a quem ela pudesse realmente abraçar como a um homem...numa verdadeira aliança entre os sopros e os sonhos.Descrevendo o encontro de Maria Madalena e Jesus, Leloup fala de um sublime encantamento que não se explica , onde a verdade de um passa a ser o semblante do outro, um semblante que não se pode ter, não se pode possuir, pode-se unicamente entregar-se a sua doçura e a exigência do seu olhar.Para melhor demonstrar suas idéias acerca do Amor, Leloup coloca nas palavras que Jesus dirige à Maria Madalena, significados que afirmam que a única coisa necessária ao ser humano é que este aprenda a fazer o que fizer com Amor, e diz: “tudo o que fazemos sem Amor é tempo perdido, tudo o que fazemos com Amor, é eternidade encontrada” ou então, “Amar não é projetar-se no outro...Amar é deixar ser”. Continuando Leloup afirma que o amor é a morte da morte, aquilo que a compreende e supera e por fim, que o amor humano também pode ser um amor maior: “ - O que resta de um homem quando ele matou, em si, a alma do amor?...”. E para concluir,Leloup afirma através deste romance que não existe ausência no amor – “o ausente não está no horizonte nem em seus sonhos, ele cola em sua pele” e assim pergunta: “ - Conhecemos o ser amado pela ”psique“ ou pela ”pneuma“? E conclui, que conhecemos o ser amado pela soma do encontro (o nós), exatamente através da capacidade de perceber pois não podemos ser mobilizados apenas por aquilo que conseguimos ver mas pelo que percebemos e pelo que percebemos com o coração”.- Seria o bem amado um homem, um deus, um ideal ou uma quimera?
Maria Helena Sleutjes

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Outubro rosa



O mundo vai se pintar de rosa na luta contra o câncer de mama, confira
Por Clara Reis • 05/10/2009
Em outubro não se comemora apenas o Dia das Crianças. O 10º mês do ano também foi escolhido para representar a luta mundial contra o câncer de mama. Trata-se do Outubro Rosa, uma ação para conscientizar e mobilizar a sociedade ao combate à doença. A ação surgiu em 1997, nas cidades de Yuba e Lodi, na Califórnia e foi marcada pela iluminação de monumentos históricos com luzes rosa - desde então vários outros países aderiram à campanha.
Em terras brasileiras, durante todo mês, uma série de eventos vai colorir de cor de rosa alguns dos pontos mais importantes do país. No Rio de Janeiro, o símbolo escolhido foi o Cristo Redentor. Em São Paulo, são quatro: o Monumento das Bandeiras, o Prédio da BM&F, a esquina da Rua Oscar Freire com Haddock Lobo e o Shopping Iguatemi. Em Belo Horizonte, ficará cor de rosa o Museu de Artes e Ofícios. Em Recife, o Palácio do Campo das Princesas. Já em Blumenau será a Ponte do Centro. Na cidade histórica de Ouro Preto, a Igreja Nossa Senhora do Rosário será iluminada e, em Porto Alegre, serão o Monumento à Júlio de Castilhos e a Fundação Iberê Camargo.
A ideia é alertar a população sobre a importância da mamografia periódica para todas as mulheres com mais de 40 anos e do diagnóstico precoce. Lembrando que o exame mamográfico é o melhor meio para detectar tumores ainda em fase inicial, possibilitando a cura em até 95% dos casos. Segundo a American Cancer Society, cerca de 1,3 milhão de mulheres no mundo são diagnosticadas com câncer de mama anualmente e 465 mil morrem por causa da enfermidade. Detalhe: a doença ainda afetará a vida de mais de 49 mil brasileiras até o final deste ano.
Agora é lei
Foi promulgada em 29 de abril deste ano, a Lei Federal 11.664/2008, de autoria do deputado federal Enio Bacci, que trata de questões relativas à prevenção, detecção, tratamento e controle dos cânceres do colo uterino e de mama. Uma das maiores conquistas prevista nesta nova lei é a garantia da realização do exame mamográfico pelo SUS (Sistema Único de Saúde) em todas as mulheres a partir de 40, e não mais de 50 anos de idade como era anteriormente.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Sugestões para leitura...


A Cidade do Sol
Khaled Hosseini . Ano: 2007 Editora: Nova Fronteira
Mariam tem 33 anos. Sua mãe morreu quando ela tinha 15 anos e Jalil, o homem que deveria ser seu pai, a deu em casamento a Rasheed, um sapateiro de 45 anos. Ela sempre soube que seu destino era servir seu marido e dar-lhe muitos filhos. Mas as pessoas não controlam seus destinos. Laila tem 14 anos. É filha de um professor que sempre lhe diz: "Você pode ser tudo o que quiser." Ela vai à escola todos os dias, é considerada uma das melhores alunas do colégio e sempre soube que seu destino era muito maior do que casar e ter filhos. Mas as pessoas não controlam seus destinos. Confrontadas pela História, o que parecia impossível acontece: Mariam e Laila se encontram, absolutamente sós. E a partir desse momento, embora a História continue a decidir os destinos, uma outra história começa a ser contada, aquela que ensina que todos nós fazemos parte do "todo humano", somos iguais na diferença, com nossos pensamentos, sentimentos e mistérios.
Li recentemente e fiquei sensibilizada com a história dessas duas mulheres,Marian e Laila.História de opressão , rejeição , violência e guerra. Me emocionei com a condição de vida dessas mulheres que ,embora de países, culturas diferentes da nossa , não difere de muitas de nós. É doído pensar no machismo escancarado , desprezível que as muçulmanas sofrem, mas igualmente doído é o machismo camuflado daqui; acredito que muitas mulheres tenham sentimentos e sofrimentos semelhantes,mesmo que as situações vividas sejam"distintas".
Muito já foi feito e muito ainda há por fazer por relações igualitárias , de respeito e tolerância às diferenças , às individualidades.

Sugestão de livro para leitura


A CAMA NA VARANDA: AREJANDO NOSSAS IDEIAS A RESPEITO DE AMOR E SEXO
Regina Navarro Lins Ano: 2006.Editora: Best Seller

Um dos maiores fenômenos editoriais dos anos 90, A Cama na Varanda discute de modo revolucionário a história sexual humana, da valorização da mulher na Antiguidade ao surgimento do patriarcalismo e às novas normas sociais. Conciliando sua experiência como palestrante e professora à prática da psicanálise, Regina Navarro Lins apresenta uma combinação de levantamento histórico e exemplos do dia-a-dia que se tornou referência nos estudos sobre o comportamento humano sexual e afetivo. Nesta nova edição, revista e ampliada, a autora traz à tona uma das principais dúvidas que permeiam os relacionamentos atuais: estabilidade ou liberdade? A partir dessa questão, novas formas de amar passam a ser consideradas, fazendo com que o amor romântico, cultivado há séculos pela sociedade, comece, aos poucos, a sair de cena.
Li e gostei muito ,além de tudo o que foi descrito acima, o livro permite refletir e reformular nossos conceitos acerca dos nossos relacionamentos.

Sugestão de livro para leitura



Textos da fogueira.
Muraro, Rose Marie. 2000. Editora Letraviva (Brasília)


Reunião de textos malditos, não sobre sexualidade, e sim sobre o poder. Eles mostram que o poder não nasce da cobiça, mas do Sagrado. A autora analisa como a satanização da sexualidade vai sendo substituída pela satanização do poder, inclusive detendo-se detalhadamente no "Martelo das Feiticeiras".

Li este livro onde a autora apresenta textos da época da inquisição onde ,mulheres eram condenadas sob a alegação de praticarem atos de bruxaria , mostra toda a teia de interesses e poder que envolvia tais julgamentos.