Muuuiiito prazeeer, muuiita alegrriia...
Senti vontade de comer pipoca.Então fui para a cozinha e pus- me a preparar...
Olhei os panos de prato , os bicos de crochê...o barulho do milho estourando, o cheiro, o sabor... de sal ou de doce?De chocolate???
Sentei em frente a TV “e lembrei de um tempo em que eu era criança”(me apropriando de um verso de Cazuza)...
O mar invadiu meus olhos e as imagens minha mente.
Então revi momentos em que os mensageiros da alegria nos apresentaram pequenos prazeres ou “ensinaram” a subverter regras...
Naquela época , pequenas peripécias como ,“assaltar” o armazém do papai a noite para comer azeitonas e beber coca-cola ou me esconder,do meu pai e da minha mãe, para me poupar de ir a algum lugar que eu não queria ir.
Dizem que ela matava aula escondido do papai pra ir ao cinema, não posso atestar ,era muito pequena;mas fato era que, ela nos levava a contra gosto dos nossos pais ao Cine Ouro ,(Frida ou Casablanca? ?? ) para assistir aos filmes do Didi.Ah ,e também inventava pequiniques no Mutirama com os nossos sobrinhos.Saborosas também eram as tardes de cachorro quente nas Lojas Americanas ( o nosso shopping,rs...) e os pequenos agrados,pulseirinhas,enfeites de cabelo...
Por seu intermédio ouvi falar de Lagoa azul e curti a trilha sonora do filme FAMA.
Ouvir som alto e dançar num barracãozinho apertado enquanto nossa casa era reformada, era uma diversão.
Quando ficávamos enjoados e alguém reclamava,ela dizia...Calma!É da idade!Tenha paciência!
Há pouco tempo ela fazia desenhos de casas,ranchos que construiria e sugestões pra nós construirmos também;planejava viagens,mudanças...
Meu pai dizia que até então ela não tinha criado juízo e sorria um riso de satisfação.
A essas memórias veio se juntar as memórias de um outro personagem,de essência parecida a dela,que há alguns anos passou a integrar nossa família.Um primo ,namorado e depois marido de uma outra irmã, que nos apresentou o churrasco nos fins de semana, a cerveja, a dança,a festa,os clubes, as serestas,as piadas...
Ambos viam a vida por um prisma específico , da leveza, do prazer, da alegria...e tinham sede de viver ; talvez por intuirem que suas passagens por aqui seriam curtas,que suas partidas seriam bruscas,sem preparo,repentinas. Não sei...
O que sei é que ,com suas individualidades , contribuíram muito para um viver mais feliz..
Olho o retrato na parede da nossa casa (agora na minha memória),aquele em que constavam só os seis filhos mais velhos dos nossos pais e vejo aquele bebê de olhos vivos,sorriso aberto,vivacidade de menina levada e concluo...ali já se enunciava a mensageira da alegria.
E como não podia deixar de ser, sua última participação neste mundo foi em uma festa,vestida a caráter, comendo pipoca...“Rebenta pipoca...”
Ivone
22/05/2011
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