Dizem que Michelângelo ao olhar para um bloco de mármore ,vizualizava ali uma figura , e esculpir era retirar os excessos.
O mesmo acontece com muitos artistas , alguns olham para um tronco de árvore e vê ali uma figura , então se colocam a retirar o que sobra para dar forma a figura.
Fico pensando que o mesmo acontece conosco , nascemos assim...blocos de mármore , toras de madeira , pedra bruta... a nós compete ao longo da vida esculpir a nós mesmos, retirar os excessos. As ferramentas nos são dadas através das vivências , experiências, desafios que enfrentamos .
O diamante é o material mais duro na natureza e lapidar esse diamante não é nada fácil, assim como trazer à tona a melhor versão do nosso Ser. É um exercício constante...
As vezes o mármore trinca , a madeira racha onde não era pra rachar,outras vezes tiramos onde não era pra tirar e então temos que recriar, estilizar a obra...
Como um escultor que visualiza uma figura ideal , ao esculpir não alcançamos o imaginado e vamos trabalhando com a matéria real , sujeita a sua própria plasticidade e as intempéries do ambiente. Muitas vezes a mão do desenhista/escultor,não consegue reproduzir o que a mente criou, imaginou...é preciso treino , alinhar o pensar , o olhar e o agir .
Como eu me vejo , como eu realmente sou , como eu ajo...
De qualquer forma , ainda que a mão /o agir, não consiga representar o "ideal",não quer dizer que não seja uma "obra de arte"...na maioria das vezes são essas imperfeições que dão originalidade ,singularidade à obra, à vida.
Com a prática , aquilo que parecia impossível para o jovem artista , passa a acontecer de maneira mais tranquila e serena.
Com o passar dos anos , muitas coisas que nos afligiam ao início dessa obra/ "projeto de vida", já não nos afligem , já são vistas com um outro olhar e já não sofremos tanto com o que foi retirado em demasia ou o que ainda persiste em acumular /ficar no nosso "bloco".
Aceitação , compreensão da natureza do nosso Ser/tora/mármore/argila/tinta/diamante...
Entendimento do que é possível dentro de cada plasticidade...
O melhor de tudo , é que , retirando os excessos ,moldando ,lapidando, polindo, vamos ficando mais leves ,menos densos...mais resilientes e receptivos.
Percebendo que independente da plasticidade do nosso tecido/ material/Ser , em qualquer momento, sempre que for do nosso desejo, é possível transformar!
Ivone Teixeira da Cunha.
Parabéns! Que bom ter aceitado o desafio das palavras querendo ser ditas. Atenda-as sempre. Te leio nos seus texto. E, confesso que é uma viagem linda e prazerosa. Abraço.
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